Opiniões no Design é como no Futebol

Olá meus fieis e esporádicos leitores,
É com grande estado de parvidade injustificada que vos escrevo este artigozinho.
Hoje apeteceu-me escrever sobre Design.
Pronto, já perdi metade os leitores que odeiam Design, e que acham que os Designers são uma cambada “artistas” armados em cultos e tal.
Pois não podiam estar mais longe da verdade.
Eu sou Designer…não me considero Designer na sua plenitude pois há muita coisa que a Universidade nunca me ensinaria e só com a vida profissional poderei chegar ao nível de um autentico Designer.
Hoje é muito banal a palavra “design”, muitos utilizam a palavra correctamente e outros nem tanto. Dizem “aaaah este vaso tem um design lindo” ou então “o teu corpo tem um design muito ergonómico”.
Ergonomia pode não implicar directamente um trabalho de design, pode ser um trabalho de engenharia, mas será que a engenharia aplica design, ou o design é que aplica a engenharia.
A meu ver, design é uma metodologia, um processo de análise de problemas e o solucionar desses problemas tendo em consideração a função comunicativa ou função produto/ utilizador.
Com isto dito, uma coisa bonita não significa que tenha um bom design.
Muita gente julga fazer design, acabando por desvirtuar o facto de o verdadeiro design estar preso a uma função, muito superior ao aspecto muito fashion que um produto ou uma publicidade ou uma capa de um livro terão.
Como é óbvio, por vezes parte da beleza visual tem por siso uma função que é chamar a atenção e criar um ambiente.
Eu como recen licenciado, sinto-me mal preparado para enfrentar o mundo do mercado de trabalho.
Ok, tens razão…mas eu estou a falar do mercado de trabalho no sentido do cliente e da visão do design que também tem um papel pedagógico para os nossos clientes, amigos, vizinhos, e pessoas anónimas. Antes de mais quero dizer que estou com esta teoria toda mas sou bastante medíocre no que se refere á criação de Design. Estou a tentar melhorar-me, e parte desse melhoramento não vem de andar a aprender action script 3 ou CSS.
Tenho de conhecer bem o que se considera um design correcto antes de começar a criar algo.
O meu papel é solucionar problemas de comunicação visual. Clientes que por alguma razão não conseguem vender o seu produto eficazmente ou então simplesmente querem transpor para um pequeno logótipo todo aquilo que a empresa é.
Para mim um verdadeiro Designer não é aquele que sabe vender a sua ideia ao cliente, mas sim o que consegue transpor aquilo que a empresa é na verdade, ou então conseguir comunicar de forma funcional e criativa com o publico alvo.
Todos os dias vejo publicidades que por um lado estão muito cativantes, mas por outro não nos mostram o verdadeiro valor da empresa por trás do produto. Será que isso quer dizer que são maus designers?
Não, mas existe a ética, e a ética acaba onde o dinheiro aumenta. Até ai é óbvio.
No mundo competitivo será que um ateliê de pequena ou de média dimensão é capaz de recusar um trabalho para uma tabaqueira?
Eu acho que fazer publicidade para esse tipo de clientes é como estar a vender cigarros a miúdos de 10 anos e não me estar a preocupar minimamente só porque graças a isso consegui comprar uma nova televisão de 120’’. Alguns de vocês diria “que se lixem os putos”, pois bem, e se fosse o teu puto?...
Eu posso ser um pouco hipócrita no que digo, as vezes vejo-me forçado a aceitar trabalhos que se não fosse a ajuda monetária, eu não os faria. Este e um dos dilemas do designer, é saber as vezes que estamos ajudar um cliente a vender gato por lebre.
Eu gosto de acreditar que vou conseguir manter ética no que faço. E coisa que muita pessoa não percebe é a dificuldade que existe em fazer design a serio. Conheço pessoas que acham um abuso demorar 15 dias ou 1 mês para o desenvolvimento de um logótipo. Muitos ateliês, principalmente os de zonas onde existe mais concorrência, como nas grandes cidades. É tudo criado muito depressa. E isso significa que são muito bons? Nos dias de hoje será que velocidade é importante?
Claro que é, o cliente quer o logótipo para ontem porque vai abrir a empresa na semana que vêm. Mas será que o cliente fica com um logótipo que acha bonito ou com um logótipo que lhe irá servir para o resto da existência da empresa?
É o consumo do instantâneo e deita fora, é tipo as versões dos programas da ADOBE.
Esta sempre tudo a ser mais rápido, mais simples, mais completo e mais estandardizado.
Um dia um colega expressou a sua angústia em não consegui criar algo de original.
Pois…., o problema não está na pessoa, esta na ferramenta.
Hoje ateliê e Designer utilizam em demasia o computador no processo criativo, isto é o maior erro de muitas faculdades que é muni-los de o máximo de conhecimento nas ferramentas todas da Adobe e afins. Fantástico, mais um autómato.
Muitos orgulham-se de ir trabalhar para uma grande empresa, e com razão, é excelente para colocarem no curriculum, mas será que és uma ferramenta ou és um animal pensante? Hmmm..
Pois, eu acredito na criatividade por si só.
Quando era puto tinha só uns 6 paymobis, mas eu conseguia criar todo um mundo em redor usando caixas de cereais e coisas similares.
A capacidade do desenrascar, do vamos para a frente e depois vemos como se faz.
Essa cultura é a que prevalece pela sua imagem única e não se limitam ao que a tecnologia lhes permite fazer.
Dizes me que para a Web temos de nos limitar a tecnologia que funciona.
Pois bem, mas essa tecnologia teve de vir da mente de alguém, e talvez a tua ideia revolucionaria e pouco exequível será a próxima plataforma em que todos os autómatos andam a passear e a dizer “uau faço botões que parecem rebuçados”.
Eu estive a ver uma entrevista que o excelentíssimo designer Henrique Cayatte deu na Etic.
Em que ele diz que o essencial para se ser um bom designer é saber desenhar, saber falar inglês, saber mexer nos softwares e saber pesquisar.
“aprender a aprender”
E é assim que acabo o meu monólogo.
Bjs para as damas e abraços másculos para os homens de pelo na venta, prometo que o próximo poste vai ser para rir.